Wednesday, February 6, 2013

Impressões de Paris II - a Coincidência


Adoram dizer que todo francês é antipático, que maltrata os turistas, etc. O que vi em Paris 2009 é exatamente o contrário. Em todos os lugares que entrei, era atendido com um sorridente bonjour, ao passo que nos EUA, ouvir good morning ou good afternoon é uma grande raridade. Até mesmo no supostamente simpático Brasil, cumprimentar uma pessoa na chegada é uma exceção, e não a regra.

Ocorre que eu e minha esposa falamos francês, e isso faz toda diferença. Temos que entender que até alguns anos atrás o francês, e não o inglês, era o idioma internacional, idioma que unia a diplomacia, cultura e nobreza do mundo, a até mesmo o mundo dos negócios. Falava-se francês não somente na corte brasileira, como até na corte inglesa, em Londres, berço da língua que superou o idioma gálico. Ou seja, existe um pouco de ressentimento, principalmente em relação aqueles que procuram falar inglês na França. Para mim, isto é normal.

Vez por outra, aparecia algum garçom ou lojista mal humorado. Encontramos um no primeiro lugar em que comemos, um café do outro lado da rua do museu do Rodin. O cara simplesmente está de mal com a vida.

Ás vezes aparecia um mais sarcástico, e num caso, um piadista.

Era aniversário da minha esposa, e queria ir a um restaurante diferente. Achei um que supostamente servia cassoulet, e fomos para lá, em St. Germain. Logo de cara o garçom começou com piadinhas. Não sou de engrossar, mas estava começando a ficar incomodado. O cara era um pouco espaçoso para meu gosto.

No meio das piadas, descobriu que somos brasileiros. Daí veio a pergunta inevitável, em que cidade vocês vivem. Dissemos que não moramos no Brasil, e sim em Miami Beach.

Surpresa das surpresas, o garçom nos diz que seu irmão também mora em Miami Beach, e começa a escrever o endereço. O irmão mora no número 920 da nossa rua, e nós moramos no 900. O irmão do espaçoso garçom é nosso vizinho!!

Bastou para superar a má impressão inicial. Ficamos de procurar seu irmão, e o garçom até nos ofereceu alugar seu apartamento parisiense por um mês, por 1000 euros!

Dica, se quiser visitar Paris, aprenda pelo menos o básico em francês. Vale a pena.

Por que não visitar Miami Beach


Sei que no imaginário do brasileiro, Miami Beach é uma coisa imperdível. A novela America só fez aumentar o ibope da cidade do sul da Florida.

Ocorre que nem tudo é tão lindo, colorido e amistoso na bela cidade Art Deco. Principalmente se você decidir alugar um carro e dirigir.

Isto por que provavelmente é o pior local do mundo para você estar munido de transporte individual. Não é por causa do trânsito, mas sim, por causa de estacionamento.

A cidade é pequena, e francamente não está equipada para receber o número de visitantes que aqui passam por ano. As convenções e teatros só pioram a coisa, trazendo gente de outras cidades vizinhas, portanto, sexta-feira e sábado a noite devem ser evitados, pois você não encontra estacionamento em nenhum dos estacionamentos públicos operados pela prefeitura. Quem sabe, encontre lugar nos mais caros próximos da Alton.

O pior mesmo são os guinchos. Não são guinchos oficiais da prefeitura, não. São duas empresas particulares que abusam do direito de guinchar e a polícia não faz nada!!! Por ano, mais de 12.000 carros são guinchados por essas duas empresas, isso numa cidade de 60.000 pessoas. Façam as contas.

Se você quer ser roubado, alugue um carro e estacione no estacionamento de uma loja.

Se você cair na besteira de não ir direto ao estacionamento ao sair da loja seu carro poderá ser guinchado, e a brincadeira custa até 225 dólares. E muitas vezes, mesmo que você tenha ido somente á loja que supostamente tem o estacionamento para os seus clientes, e a nenhum outro estabelecimento, não estão nem aí. Levam o carro, e não adianta reclamar á polícia, pois eles também não estão nem aí. Não é loja que chama o guincho - os próprios caras da empresa de guincho ficam espreitando esperando um otário, como batedores de carteira á busca de um freguês.

Das duas uma. Fique na cidade, mas não alugue carro, pois você terá dor de cabeça, na certa, se alugar. Ou então, nem venha. Há diversas outras cidades na Flórida que administram seus estacionamentos de uma forma mais decente.

A não ser que você não se importe de gastar as 225 doletas. Se estiver sobrando, mande para mim.

Tuesday, February 5, 2013

Turismo de Atlas


Quando era pequenino tinha um hábito peculiar. Ganhei um Atlas de presente e descobri a geografia. Gostava de ir ao banheiro levando o  meu companheiro Atlas, passando belos minutos, que mais pareciam horas, explorando diversos países, imaginando culturas diferentes, aprendendo os nomes das capitais. Eram tempos diferentes, não havia internet, e o mundo ainda era uma incógnita para muitos.

Imaginei que algum dia viajaria para todos aqueles lugares, desde a gélida Antártida e seus pinguins, até os desertos da Arábia e seus camelos. A linda, culta e sedutora Paris, a jovem e moderna Brasília, as estonteantes alturas do Everest. Veria os quadros do museu do Prado e o Empire State Building. Imaginava que visitaria lugares como Gana, quiçás a Colômbia, certamente a Nova Zelândia. Realmente não me agradava a idéia de visitar o Vietnã, que naquele época estava em uma guerra aparentemente infindável. Afinal, eu era um garoto que amava os Beatles e os Rollling Stones. Mas o mundo era grande, podia dispensar o Vietnã.

Nas páginas inertes de um Atlas tudo é bonito, interessante e seguro. Não há sequestros, a água é potável, há esgoto. Não pintam balas perdidas, as culturas e raças se respeitam, comida boa não falta. Os animais são todos bonitos e dóceis, e os venenos que podem levar à morte são uma abstração - coisa de outro mundo. Insetos só se interessam por plantas, não gente. O frio não é tão gelado, o calor não é tão quente. E tem mais, as viagens das páginas do Atlas são baratas. Você viaja o mundo inteiro com alguns poucos reais, dólares ou euros. Sem passaporte.

Cheguei a querer trabalhar com turismo para conhecer o mundo. Desisti no meio do caminho e me enfronhei por outras áreas, digamos, mais estáticas. Fui crescendo, e descobrindo que havia certas áreas do mundo que de repente não seriam tão agradáveis assim. Nunca fui  aventureiro ad extremis - não sou do tipo mergulhador, paraquedista, etc..  

Um dia pensei em viajar para a Nigéria, sim. Descobri que era um lugar bonito, que havia vínculos históricos com o Brasil, mas também aprendi que o país tem problemas sérios. Em suma que é um ambiente inóspito para turistas.

A gota d'água foi quando um amigo caiu no conto das famosas cartas da Nigéria, nos anos 90. Nunca me contou direito o que rolou, só sei que o cara se mandou para Lagos esperando voltar rico, e quase fica por lá, mortinho da silva.

Nesse fim de semana li um artigo sobre Lagos que eliminou a última gota de vontade de visitar a ex-capital nigeriana. São Paulo é um verdadeiro paraíso em comparação com o caos urbano de uma cidade sem esgoto, assentada sobre um sujo pantanal, com poucas ruas asfaltadas, e que, apesar das abundantes riquezas do petróleo, abriga mais de dez milhões de miseráveis.

Hoje há vôos frequentes para quase todos os lugares do mundo, em aviões confortáveis, rápidos e seguros. As passagens já foram mais baratas, mas ainda não é preciso ser milionário para viajar para a grande maioria dos lugares nesta Terra. Compra-se passagens no próprio computador caseiro, no conforto do seu lar. Mas o globo está cada vez menor para mim.  

Vou comprar outro Atlas e sonhar, no trono, com um mundo melhor.

Guerras geográficas


Já sei. Toda guerra é geográfica. Geopolítica, expansão territorial, blá, blá, blá. Não sou tão estúpido assim.

Não é disto que estou falando.

Viajar é gostoso, mas no Brasil é, acima de tudo, um símbolo de status.

Já me deliciei diversas vezes presenciando verdadeiras batalhas geográficas, conversas entre pessoas que querem provar que conhecem mais lugares, ou que os conhecem melhor do que seus interlocutores. Crêem que supostamente isto lhes dá mais nível, uma posição mais destacada na escala de evolução humana.

A coisa começa de uma forma muito sutil. Maresias, Angra dos Reis, Campos do Jordão. Daí passa para Salvador, Natal. Destinos domésticos básicos. A próxima etapa da batalha, mais séria, é Porto de Galinhas, Costa do Sauípe, para os praianos, Floresta Amazônica e Pantanal para os eco-conscientes. Nesta fase os guerreiros ainda estão testando o inimigo e planejando os futuros ataques.

A guerra começa para valer quando os guerreiros pegam seus passaportes. Buenos Aires é um ponto inicial favorito, até porque fica perto, e não custa muito caro. Demonstrar bastante familiaridade com BA é necessário. Onde comer o melhor peixe da cidade (carne todo mundo sabe), o melhor hotel barato sem baratas e o melhor lugar para ouvir tango-punk-jazz argentino, mesmo sem gostar, são armas necessárias para quem quer ganhar esta batalha de titãs logo na sua fase inicial.

Geralmente aí começa o chumbo grosso. Nova York, Paris, Miami, setenta viagens à Disney World (e cinco à Disneylandia). Uma única viagem à Disney significa batalha perdida. Demonstrar vasta cultura gastronômica (se possível lugares não frequentados por turistas, tanto os super baratos ou como os super caros, nunca os medianos) faz parte da guerra. Conhecimento de banheiros públicos limpos, demonstrar irritação e desprezo aos pontos turísticos populares e saber de cor a tarifa atual dos taxis é essencial. Ter fotos, vídeos e lembranças como caixas de fósforos também faz parte do arsenal. Nesse caso, leva vantagem quem é o mandante do jogo, portanto sempre deixe seu álbum á vista.

Nessa altura da guerra, muitos recorrem ao jogo sujo. Mentira é uma arma muito usada embora geralmente, a parte contrária concorde com a mentira, para não ficar para trás. Usurpar experiências de outros, extraídas de revistas de viagens ou da internet é um outro elemento bélico comumente usado.

Se a batalha ainda não terminou, o jeito é falar da Albânia, Belize, Montserrat e Groenlândia, lugares exóticos, mas ainda assim próximos da nossa área de influência, Europa e Américas.

A última tacada deve ser o super exótico - Chade, Papua-Nova Guiné, Omã, Vanuatu, Butão, Seychelles. Sempre viaje durante a temporada de tufões, pois histórias de tsunamis (de preferência com algum tipo de cicatriz) ganham qualquer batalha. Picadas de sapos venenosos, malária e ser sequestrado por piratas também garantem muitos pontos.

E se nada disso funcionar, Antártida! Quero ver quem foi para a Antártida. NO INVERNO!

Afinal de contas, o povo viaja para aprender mais, se divertir e curtir a Terra, ou para contar vantagem???

Bruxelas, a terra dos quadrinhos

A Bélgica é conhecida por diversas coisas. O pequeno país tem 350 fábricas de chocolate e 800 marcas de cerveja. Além disso, a batata frita, conhecida como french fries nos Estados Unidos, na realidade á uma invenção belga. A culinária do pais também se tornou bastante famosa nos últimos anos.

Entretanto, na área dos quadrinhos a Bélgica também tem um desempenho excepcional. Na realidade, é possível que salvo pelo Japão, é o único país que resta no mundo que leva histórias em quadrinhos a sério.

Além de Tintin e Smurfs, há uma série imensa de autores de quadrinhos belgas. Suas obras podem ser compradas em diversas lojas especializadas em Bruxelas, de um tamanho que nunca vi em outro lugar do mundo. Estas lojas também têm livros e revistas de autores de outros países, pois os belgas são fanáticos por quadrinhos, não necessariamente somente belgas.

De onde veio tal paixão? Sou suspeito em dizer isso, porém, acho que a origem deste amor belga pelos quadrinhos vem de longe, de fato, deste os quadros dos pintores flamengos Hieronymus Bosch, e principalmente, Pieter Bruegel. Os quadros de Bruegel eram cheios de ação, e muitas figuras, muitíssimas. Além disso, as gordinhas figuras humanas do pintor belga parecem quase personagens de quadrinhos que surgiriam no século XIX.

Nas lojas de revistas e livros você pode comprar também bastante parafernália quadrinhística, principalmente do meu amado Tintin. Chaveiros, dioramas, carros, bonecos, etc, etc.

Não deixe de visitar uma dessas lojas se for a Bruxelas.

Tradução de carteira de motorista americana para uso no Brasil


Se você tem carteira de motorista americana, e deseja alugar um carro para passear no Brasil, agora poderá usar sua carteira americana, devida traduzida pela De Paula Translations, http://www.portuguesetranslations.com.

A seguir o texto da obscura resolução que lhe permite isso:




RESOLUÇÃO Nº 193, DE 26 DE MAIO DE 2006



Dispõe sobre a Regulamentação do Candidato ou Condutor Estrangeiro



O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Art. 12, inciso I, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro e, conforme o Decreto nº 4.711, de 29 de maio de 2003, que dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito e,



CONSIDERANDO o inteiro teor dos Processos números 80001.006572/2006-25 e 80001.003434/2006-94;



CONSIDERANDO a necessidade de uma melhor uniformização operacional acerca do condutor estrangeiro;



CONSIDERANDO a necessidade de compatibilizar as normas de cunho internacional de direito com as diretrizes da legislação de trânsito brasileira em vigor como instrumento com vistas a otimizar o campo das relações internacionais; e,



CONSIDERANDO o que ficou deliberado na Reunião da Câmara Temática de Formação e Habilitação de Condutores realizada em 16 e 17 de fevereiro de 2006, resolve:



Art. 1º. O condutor de veículo automotor, natural de país estrangeiro e nele habilitado, desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir no Território Nacional quando amparado por convenções ou acordos internacionais, ratificados e aprovados pela República Federativa do Brasil e, igualmente, pela adoção do Princípio da Reciprocidade, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, respeitada a validade da habilitação de origem.

§ 1º O prazo a que se refere o caput deste artigo iniciar-se-á a partir da data de entrada no âmbito territorial brasileiro.



§ 2º O órgão máximo de trânsito da União informará aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal a que países se aplica o disposto neste artigo.



§ 3º O condutor de que trata o caput deste artigo deverá portar a carteira de habilitação estrangeira, dentro do prazo de validade, acompanhada da respectiva tradução juramentada e do seu documento de identificação, devidamente reconhecida mediante registro junto ao órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal.



§ 4º O condutor estrangeiro, após o prazo de 180 (cento e oitenta) dias de estada regular no Brasil, pretendendo continuar a dirigir veículo automotor no âmbito territorial brasileiro, deverá submeter-se aos Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica, nos termos do artigo 147 do CTB, respeitada a sua categoria, com vistas à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.

§ 5º Na hipótese de mudança de categoria deverá ser obedecido o estabelecido no artigo 146 do Código de Trânsito Brasileiro.



§ 6º O disposto nos parágrafos anteriores não terá caráter de obrigatoriedade aos diplomatas ou cônsules de carreira e àqueles a eles equiparados.



Art. 2º. O condutor de veículo automotor, natural de país estrangeiro e nele habilitado, em estada regular, desde que penalmente imputável no Brasil, detentor de habilitação  não reconhecida pelo Governo brasileiro, poderá dirigir no Território Nacional mediante a troca da sua habilitação de origem pela equivalente nacional junto ao órgão ou entidade executiva de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal e ser aprovado nos Exames de Aptidão Física e Mental, Avaliação Psicológica e de Direção Veicular, respeitada a sua categoria, com vistas à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.



Art. 3º. Ao cidadão brasileiro habilitado no exterior serão aplicadas as regras estabelecidas nos artigos 1º ou 2º, respectivamente, comprovando que mantinha residência normal naquele País por um período não inferior a 06 (seis) meses quando do momento da expedição da habilitação.



Art. 4º. O estrangeiro não habilitado, com estada regular no Brasil, pretendendo habilitar-se para conduzir veículo automotor no Território Nacional, deverá satisfazer todas as exigências previstas na legislação de trânsito brasileira em vigor.



Art. 5º. Quando o condutor habilitado em país estrangeiro cometer infração de trânsito, cuja penalidade implique na proibição do direito de dirigir, a autoridade competente de trânsito tomará as seguintes providências com base no artigo 42 da Convenção sobre Trânsito Viário, celebrada em Viena e promulgada pelo Decreto nº 86.714, de 10 de dezembro de 1981:



I – recolher e reter o documento de habilitação, até que expire o prazo da suspensão do direito de usá-la, ou até que o condutor saia do território nacional, se a saída ocorrer antes de expirar o citado prazo;



II – comunicar à autoridade que expediu ou em cujo nome foi expedido o documento de habilitação, a suspensão do direito de usá-lo, solicitando que notifique ao interessado da decisão tomada;



III – indicar no documento de habilitação, que o mesmo não é válido no território nacional, quando se tratar de documento de habilitação com validade internacional.



Parágrafo único. Quando se tratar de missão diplomática, consular ou a elas equiparadas, as medidas cabíveis deverão ser tomadas pelo Ministério das Relações Exteriores.



Art. 6º. O condutor com Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no Brasil, que cometer infração de trânsito cuja penalidade implique na suspensão ou cassação do direito de dirigir, terá o recolhimento e apreensão desta, juntamente com o documento de habilitação nacional, pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.



Parágrafo único. A Carteira Internacional expedida pelo órgão ou entidade executiva de trânsito do Estado ou do Distrito Federal não poderá substituir a CNH.



Art. 7º. Ficam revogados os artigos 29, 30, 31 e 32 da Resolução nº 168/2004 – CONTRAN e as disposições em contrário.



Art. 8º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.



Alfredo Peres da Silva

Presidente



Jaqueline F. Chapadense Pacheco

Ministério das Cidades  –  Suplente



Renato Araújo Junior

Ministério da Ciência e Tecnologia – Titular



Rodrigo Lamego de Teixeira Soares
Ministério da Educação – Titular



Carlos César Araújo Lima

Ministério da Defesa – Titular



Edson Dias Gonçalves
Ministério dos Transportes – Titular

Hotel Mem de Sá



A gente começa a ficar mais velho e fica também mais bobo. Lembranças disso, daquilo. Achei esta lembrança do Hotel Mem de Sá em um site na Internet. Foi o primeiro hotel em que me hospedei no Rio de Janeiro, com meus pais, no longínquo ano de 1968. Não me lembro do saguão, mas lembro bastante do quarto, e de plantas que ficavam dançando a noite inteira na parte externa do quarto, e cuja silhueta podia ver pela janela. Achei que eram duendes - nada melhor do que a imaginação infantil. Quando comecei a frequentar o Rio, nos anos 80, o hotel já tinha ido para o brejo.

Foi nessa viagem que visitei o Corcovado e o Pão de Açucar pela primeira vez. Neste último, vi aqueles copinhos contendo um gel colorido, que os vendedores fingiam jogar na sua cara. No Corcovado, comprei um conjunto de pedras semi-preciosas que simplesmente amava e tiramos uma foto que se perdeu na mudança para os Estados Unidos.

Também me lembro de um gostoso passeio de barco para a Ilha de Paquetá. Havia um bailinho de carnaval a bordo, embora não fosse carnaval. Coisas do Rio nos anos 60.

Nessa primeira viagem ao Rio fomos num confortável ônibus da Viação Cometa. Lembro que a toalhinha de encosto de cabeça era bem cheirosa, e que o ônibus parava na estrada num local onde vendiam um biscoitinho de manteiga fora desse mundo.

Impressões de Paris, Não despreze o conhecimento da população



Muitas vezes o turista quer dar uma de bonzão, como se conhecesse um local melhor do que aqueles que lá vivem só porque está cheio de livros turísticos. Nunca se deve desprezar o conhecimento da população local. Nunca.

Decidimos visitar Montmartre de metro. Tudo bem.

Descobrimos que a estação era Abess. Tudo bem.

Chegamos de trem na estação sem problema. Tudo bem.

Ao adentrarmos a escadaria da saída, havia um elevador com muitos franceses na fila. Eu e minha esposa não titubeamos. "Bando da franceses frouxos", certamente pensamos. Vamos subir a escadaria. TUDO MAL!!!!

No meio do caminho me recordei que Montmarte é o ponto mais alto de Paris. Ou seja, o metro não é mais profundo ali, mas a rua fica num local muito alto! A escadaria não terminava. Inúmeras vezes pensei em desistir, morrer a apodrecer ali, uma morte inglória na escada, que se não era tão alta como a da Torre Eiffel, chegava perto.

Sempre achei que devemos pagar pelos nossos erros, e minha punição foi chegar até o topo da estação, no mesmo dia e sem auxílio de paramédicos, em vez de voltar e tomar o elevador.
Uma vez fora da estação, fiquei um pouco perdido para achar o Museu do Salvador Dali, que tanto queria ver, mas meu GPS interno é razoável. O único problema é que tive que enfrentar outra longa escadaria.

Depois de satisfazer minha curiosidade artística e de finalmente comer um cassoulet, recusei uma visita a Sacre Couer. Juro que teria um ataque se me deparasse com outra longa escadaria. A opção melhor foi passear num simpático trenzinho, que nos levou a Pigalle, terra firme - ou baixa, ou quem sabe, baixaria, como queiram.

Viagem de ônibus



Sempre gostei de ônibus. Acho que um dos sonhos da minha infância era ter uma frota de ônibus um dia. Não consegui em escala real, mas tenho frotas grandes nas escalas 1/76 e 1/87.

Aqui nos Estados Unidos não é a mesma coisa. São poucas as viações, e na realidade quase não se viaja de ônibus. Os Greyhound quase monopolizam o serviço interestadual e não tem muita graça. No Brasil há muitas empresas, esquemas visuais bonitos, e tem-se a impressão de que as companhias concorrem com qualidade para alcançar a preferência do consumidor.

Nestes muitos anos que estive aqui, só consegui fazer uma ou outra viagem ao litoral paulista, e uma desastrada viagem entre o Rio a Paraty, quando o ònibus quebrou no meio do caminho. Geralmente tinha pouco tempo quando viajava ao Brasil, e o avião era sempre o modo de transporte escolhido.

Na minha última viagem tinha tempo suficiente para encarar uma viagem de ônibus para Curitiba. Muitos familiares me chamaram de louco, disseram que era a rodovia da morte, etc. Achei um pouco de exagero e levei à frente meu projeto.

Nunca tinha ido à Rodoviária do Tietê e fiquei bem impressionado. Limpa, espaçosa, com bom comércio e serviços, e aparentemente, bastante segura. Fiquei impressionado com o número de guichês de empresas e com a boa condição e limpeza de todos os carros que chegavam, de empresas grandes ou pequenas.

Acabei escolhendo um leito da Cometa, embora o horário de partida fosse meio-dia. Queria ver como era o esquema. O carro chegou e partiu no horário, e as acomodações eram excelentes. Eu era o único mané do leito diurno, mas me senti viajando de primeira. Tinha que aproveitar, pois alguns dias depois viajaria esmagado num Airbus da TAM para Miami.

A viagem foi muito tranquila. Sim, a estrada tinha alguns trechos que pareciam perigosos, mas nada se comparava à estrada que liga Taubaté a Caraguatatuba. Essa sim me causava palpitações extremas. O veículo foi conduzido com segurança durante o trajeto inteiro, a além disso, era domingo, havia poucos caminhões na estrada.

A parada no meio do caminho foi maravilhosa. Nunca tinha visto um restaurante de estrada tão bom, e as lojas também eram muito boas. Comprei um inusitado DV sobre Fórmula 1 lá. Comi alguma coisinha ligeira e continuamos.

A rodoviária de Curitiba não é lá essas coisas. Perde de 5 a 1 para a de São Paulo. Pequenina, parece um pouco desprotegida, embora Curitiba seja uma cidade mais segura que a Paulicéia.
A viagem da volta foi feita em ônibus também. Dessa vez não viajei em leito, e grande parte do percurso foi feito à noite. A viagem foi tranquila e confesso que só fiquei preocupado quando o ônibus entrou em São Paulo. Ali parecia estar numa velocidade acima do recomendável.
A experiência foi boa e será repetida. Não sei se teria coragem de ir de ônibus para Teresina ou Manaus, mas até Brasília, quem sabe eu encare.

O jeito TAM de voar...nas nuvens



Juro que não queria escrever outro post negativo sobre a TAM, mas a minha mais recente viagem para o Brasil requer pelo menos um breve relato de certos acontecimentos.

Alguém na TAM realmente está nas nuvens.

A TAM de Miami obviamente não tem a capacidade para operar três voos quase concomitantes. E é exatamente isto que ocorre, pelo menos num dia da semana (sinceramente não sei se ocorre nos outros). Há dois dias atrás, fui tomar um voo diurno da TAM em Miami, e quando chego no aeroporto, descubro que quase ao mesmo tempo, a companhia tinha dois outros voos, outro para São Paulo, menos de uma hora depois, e outro para Manaus, um pouco antes do meu voo.
Com sete guichês abertos, três designados para as classes superiores e para portadores de cartões vermelhos, não podia dar outra. Prudentemente, chegamos no aeroporto às 5 da manhã, para tomar o avião das 8 e 20, e ficamos na fila durante quase três horas.

Juntam-se dois outros fatores negativos à falta de planejamento, e temos o potencial caos instituído. Primeiramente, o sistema de computação da TAM requer melhorias imediatamente - isto vindo dos próprios funcionários. Havia um grupo de passageiros estacionado na frente de um guichê durante mais de uma hora e meia, por que o sistema não imprimia seus bilhetes e a impassiva funcionária não parecia se importar muito com o problema. Segundo, não detectei um único brasileiro entre os funcionários que estavam atendendo no balcão - havia uma brasileira distribuindo etiquetas de bagagem, só isso, e ela logo desapareceu quando o caos se estabeleceu. Nota-se um grande descaso dos funcionários, daquela falta de orgulho de trabalhar numa empresa brasileira, tão comum entre os trabalhadores da ex-Varig (é impossível deixar de comparar). Os funcionários de Miami são altamente burocráticos, trabalham vagarosamente, e o resultado foi que o voo de 8 e 20 acabou saindo quase às 11 da manhã! Foi a primeira vez que tomo um voo tão atrasado por pura inépcia organizacional de uma empresa. E olhe que já voei bastante na vida.

Quanto ao voo em si, depois de ficar três horas na tal fila que não andava, passar mais de oito horas dentro de um avião cuja configuração dos assentos foi projetada para se enquadrar à estatura média dos brasileiros de 50 anos atrás foi duro. ACORDE, TAM!!!! A estatura das mais recentes gerações de brasileiros aumentou bastante, e os assentos são completamente impróprios para pessoas que, como eu, têm mais de 1 metro e oitenta de altura. São ótimos para os anões do orçamento de outrora. E também não são suficientemente largos para os mais rotundos.

Assim que a TAM está jogando dinheiro fora ao anunciar seus serviços, em inglês, para americanos em amplamente disseminadas propagandas de taxi em Miami. Um americano alto e largo provavelmente viajará pela TAM uma única vez, simplesmente não vai aguentar o baque, o verdadeiro suplício que é viajar durante oito longas horas quase encaixotado.

A meu ver, tudo isto é fruto de falta de planejamento. Alguém realmente está nas nuvens, afetando negativamente o jeito TAM de voar.

Para não dizer que tudo estava ruim, a comida estava um pouquinho melhor do que o normal...

Bomba em Paris



Nada de terrorismo. Gosto de bomba de chocolate, o vulgo eclair. Considero-me um especialista no assunto. E quando fui a Paris sem dúvida quis achar o Eclair perfeito.

Numa das nossas andanças fomos ao L'Opera. Na escadaria, uma bandinha de jovens tocava músicas de New Orleans misturadas com outros estilos. Tocaram inclusive uma música brasileira. Não eram muito afinados, os guris. A mais engraçada era a menina que tocava um bumbo e percussão, que se chacoalhava toda, pois ainda queria dançar. A boina na cabeça dava o pitoresco toque final.

Resolvemos então tomar um espresso no Cafe de la Paix, que fica ao lado do L'Opera. Logo fui à luta, procurando uma bomba no cardápio. Achei. DEZESSEIS EUROS!!!!!!!!! "Pera aí, sou turista, sim, mas não sou milionário, nem otário. Se eu comer essa bomba e não estiver boa, vai sair briga aqui". Resolvi não comer a dita cuja, fiquei no espresso mesmo. Não me importaria em ficar uns meses em Paris, mas não na cadeia.

No dia seguinte, estávamos andando em direção da Galleries Lafayette, na mesma área, quando de longe avistei o proverbial boteco - só que era um boteco de doces, não de birita. Algo me dizia que era ali. Meu instinto, meu faro, minha intuição, minha sensibilidade e décadas de experiência me diziam que seria ali que eu me deleitaria com a bomba dos meus sonhos.

E foi. Dois euros, ainda por cima.

Não tenho ideia do nome do lugar, mas se precisar voltar lá, volto. Só sei que ficava perto de um teatro onde tinha tocado, na noite anterior a banda Uriah Heep, uma das minhas prediletas nos anos 70, que julgava estar inativa há muito tempo.

Minha viagem a Paris certamente não foi em vão.

Impressões sobre Paris, os Táxis



Aqui nos EUA, onde vivo há 33 anos, estamos acostumados com uma dieta quase homogênea de táxis Chevrolets e Fords. Quando cheguei ainda havia muitos Checkers em circulação, aqueles carros grandões com aparência de anos 50, construídos especificamente para ser usados como taxis, mas durante os anos 90 estes desapareceram completamente das ruas de Nova York.
Nessa mesma década, apareceram alguns Peugeot diesel, e me lembro de ter visto até mesmo um Mercedes Diesel nas ruas de Nova York.

Hoje existe um pouquinho mais de diversidade em Manhattan, com alguns SUV de marcas diferentes, inclusive Honda e Toyota, mas a grande maioria dos taxis da grande cidade, e por que não dizer, de Miami e do resto do país também, são Chevrolets e Fords.
Aqui já começa a grande diferença de Paris. Antigamente, quase todos os taxis da cidade eram Mercedes, Citroen e Peugeots grandes, até porque poucos eram os fabricantes europeus que faziam carros de porte grande. Mas em 2009 a variedade dos taxis em Paris é facilmente detectável até por aqueles que não são muito apaixonados por carros.

Na minha recente viagem à cidade, pessoalmente vi taxis das seguintes marcas: Peugeot, Citroen, Renault, Mercedes-Benz, Audi, BMW, Opel, VW, Volvo, Fiat, Skoda, Honda, Mitsubishi, Toyota, Mazda, Honda, Hyundai, Chevrolet e Chrysler. Ou seja, carros franceses, alemães, italianos, suecos, coreanos, japoneses, tchecos e americanos. Acho que vi um SEAT espanhol, mas não tenho certeza. Curiosamente, nenhum Ford.

Havia taxis sedãs, SUVs, peruas e vans, de tamanhos e modelos diferentes. Andar de taxi em Paris lhe dá a oportunidade de fazer um test drive (como passageiro, é claro) de uma ampla gama de carros, e se tiver sorte, andar em carros de alto luxo como BMW, Mercedes e Audi.
A grande surpresa foi ver (e andar) em um Chrysler americano usado como taxi. Foi uma boa experiência.

Quando ao estado dos carros, são muito mais limpos e cheirosos do que os carros americanos. Acho que nos EUA as frotas utilizam seus carros 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que não dá chance de mante-los limpos. Depois dizem que o francês não toma banho...Sei não...